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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

1963

Por: Antonio Mata.

As cidades estavam crescendo ou mais exatamente inchando. De todo modo, lá muita gente crescia com ela. Cada um do seu jeito, cada um com a sua história. 

Sem referências, já que não sabia de nada disso e nem teria como entender tanta coisa. Assim, não tinha muito no que pensar. Fantasia nessas horas, faz bem.

Deixando a cidade de lado, se era certo ou errado, ou mais exatamente para que aquilo servia e por que estava justamente ali, na minha frente, não fazia ideia. Só sabia que estava lá.

Fui movido pela curiosidade e não nego nem duvido. Já aquelas paredes altas não pareciam oferecer perigo. Não era noite nem estava escuro. Mesmo que, olhando para o alto, divisasse só uma pequena parte do céu.

Também não tinha incômodo nenhum. Sequer aqueles três ou quatro dedos de água cobrindo o chão. Nem o fato de estar todo molhado. Havia chovido e longe de reclamar, achei foi bom. 

Correr alguns metros chutando água para o alto e para frente não parecia má ideia. Mesmo ir e voltar algumas vezes. A cavalo, de caminhão, jipe ou locomotiva a vapor, fazendo muita fumaça branca e cobrindo tudo. Quando espalhava o aguaceiro para os lados em velocidade, então, era um must

Ficavam dizendo que caí. Juro que não era verdade. Eu só escorreguei. Retornava a galope solto em meio ao riacho, ainda pouco explorado.

Quando de repente uma voz por demais conhecida alertava do risco, do perigo sempre iminente, naquela corrida desabalada rumo ao desconhecido.

— Dona Clara, o Luizinho caiu no valão de novo!

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