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Por: Antonio Mata
Retornava ao lugar por onde passara bons, para não dizer, ótimos anos de sua vida. Viajava em sua mente a trinta e tantos anos passados, aos episódios ali vividos no esforço de descobrir, aprender e oferecer o sentimento primaz, matriz de tantas coisas.
Capaz de transformar o ignorante em hábil construtor, educador e condutor de gente, povos e nações.
Tudo ao sabor do tempo, singular e paciente coadjuvante da história humana. Ao passar das décadas, quando não dos séculos. Pouco importa, aquele que soube compreendê-lo, construiu.
Uns, na pedra, outros no barro, na madeira, no concreto, outros ainda no papiro e no papel, até na nuvem. Construiu ainda na mente dos homens. Era um mestre de obras e aposentara-se.
Havia revisto a goiabeira plantada há 30 anos passados. Quis recolher algumas frutas para levar para Sônia; ela ia gostar. Teve a ideia de plantá-la ali mesmo onde estava e em certa ocasião, passando pela feira encontrou goiabas bonitas, daquelas grandes.
Procurou nos bolsos algum dinheiro e tudo o que achou só dava para uma goiaba. Frutinha cara aquela, pensou. Não era bem isso que o homem tinha em mente.
Ao pedir para sua mulher separar as sementes, imaginara outra coisa. Gostava de sonhar acordado com coisas que só a fé, a perseverança, esforço e coragem são capazes de levar adiante.
Sentimentos bons de se ter; construtores e aprimoradores da inteligência. Instrumentos de Deus nas mãos dos homens, desde que acompanhados do desejo de ofertar, de reconhecer o outro.
Sonhava mesmo era com crianças balançando em seus galhos, querendo pegar aquelas do alto. Correndo ao redor de seu tronco e por sobre o gramado; com as tias atrás mandando sair dali.
A infância é a descoberta da motricidade, das lições básicas dos domínios da Física. Correr velozmente, frear; dobrar e recomeçar em perfeito equilíbrio.
Saltar no ar e ao longe, muito longe. Tudo isso sem escorregar; sem ralar os joelhos e sem meter a cara no chão. Fantástico!