Por: Antonio Mata.
O pequeno grupo de exploradores, não mais que cinco ou seis homens, se ocultava em meio a vegetação baixa. Avançavam com cautela. Deixando a movimentação para quando tivessem a certeza de não ter ninguém por perto.
Sempre margeando o rio e se afastando para se ocultar. Não foi difícil identificar oito aldeias às margens do rio. Para o interior o semiárido se estendia, pouco convidativo à vida.
As lavouras dependiam do Rio e as aldeias precisavam das lavouras. Trigo, painço, frutos secos e verduras faziam a base alimentar. Além da criação de cabras e aves.
Um dos homens se dirigia ao líder.
— Essa gente é preta e parece que não saem daqui. Basta se afastar do rio e não se vê mais ninguém.
— Nem caçadores? É claro que devem existir caçadores. Só devem estar fora. — Olhava para seu interlocutor e asseverou.
— Dois homens vão voltar e trazer os demais. O resto fica aqui e procura localizar os caçadores e o seu retorno. Só vamos aparecer quando os caçadores saírem novamente.
Confirmada a presença e a localização dos caçadores, iniciou-se a espera de sua nova partida. Dois dias antes, cerca de 500 guerreiros já haviam chegado e se ocultavam em uma depressão do terreno, envolta pelos arbustos.
Tendo os grupos de caçadores se afastado mais uma vez, iniciou-se a invasão. Sucessivamente, aldeia após aldeia, todas caíram nas mãos daquela gente branca de fala desconhecida e comportamento feroz.
Quando os caçadores retornaram, a tocaia já estava pronta. Os grupos, um após o outro, foram submetidos e mortos, tendo sua caça tomada e oferecida aos invasores, onde as mulheres das aldeias cuidavam de tudo.
Primeiro com sinais, depois com umas poucas palavras, expuseram suas ordens. Eram poucas, simples e objetivas. Deveriam trabalhar na lavoura e na criação de animais, fornecendo víveres e mulheres aos invasores.
A caça ficaria a cargo dos mesmos. A aldeia que não quisesse trabalhar não teria acesso à água e seria finalmente queimada.
Repetiriam a mesma estratégia se assenhoreando de todas as aldeias na extensão do rio, até onde seus guerreiros, ávidos de terras e posses, pudessem alcançar.
Foi quando, então, se estabeleceram. Ambiciosos, assumiram o poder, a terra e toda riqueza que pudessem encontrar. Sem aviso nem cerimônia, os capelinos tinham acabado de chegar.