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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

A noite e a tradição

Por: Antonio Mata.

A Praça, muito conhecida, localizada na parte central da cidade. Tradicional monumento, os prédios públicos e a igreja Matriz. Um arranjo arquitetônico muito usual nas grandes cidades. Tudo estava lá. E mais alguma coisa.

— Aqui virou lugar de turistas. 

— Muita gente da cidade ainda vem aqui. O Maranhão não saiu daqui e segurou o lugar. Acabou renascendo, foi o esforço dele.

Parou um instante e prosseguiu.

— Na verdade, poucos se foram e o restante morreu. Nunca esvaziou de verdade.

— Dá no mesmo. Foram todos embora.  

— Não dá, os poucos que foram embora foram substituídos. 

— Sim, por turistas. 

— Por gente da cidade. 

— Por turistas.

— Por gente da cidade.  Quem gostava de cerveja chamava outro que chamava outro. Aí ficava cheio de novo. 

— Cheio de turistas. 

— Turista só completa. É o povo da cidade que ocupa o lugar e o mantém ativo. Virou tradição, agora não acaba mais. 

O lugar estava cheio de gente. Dessa e da outra dimensão. Velhos, novos, homens, mulheres, vivos e os mais vivos. Ouviam a discussão e tiravam suas conclusões. 

— Eu não falei, eu não falei? Só precisa insistir. Ter paciência e insistir até ficar do jeito que a gente gosta. 

— É verdade, agora a cerveja não acaba mais. Você tinha razão. Nem penso mais em sair daqui. Também estamos na tradição. 

As risadas inaudíveis para uns, engraçadas para outros encheram a noite do lugar. Nunca estiveram tão próximos e tão juntos. Coisas da tradição. 

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