Por: Antonio Mata
Inspirava o terror e o medo. A distância, uma necessidade. O isolamento, a busca da segurança. Sempre lembrar, sempre estar pronto ante o perigo iminente.
Assim, a vida se fez. Sob risco, antes eliminá-lo a ser eliminado. Ser maior, crescer por sobre o risco. Compreender o comportamento, os hábitos de emboscada, de ataque. Tudo na força bruta, pura e simples.
Do convívio difícil a imposição e mudança de cenários. De caça a caçador. De caçador aos processos de extinção. A vida natural, os espaços da vida se desfaziam lentamente.
Na escala humana as preocupações com a fauna têm cerca de 150 anos. Ínfimos, se levarmos em conta o ponto de partida comum da civilização, há seis mil anos pelo menos.
O que poderia ter sido feito no passado, na última virada do século, passou a ser identificado em gravações que atualmente enchem as mídias do mundo.
Muitos animais expostos à presença e expansão humanas, naqueles idos, eram totalmente selvagens. Mais recentemente, estão se mostrando mais dóceis. Entre um momento e outro vamos encontrar um monte de leis de proibição a caça, além de uma nova forma de pensar o mundo animal.
Assim, vivenciamos estes dois extremos. De um lado, algo que parece chegar com um certo atraso. Do outro, algo que parece indicar um passo de gigantes, tamanho é o seu significado.
Não se trata de mera exposição a inúmeras câmeras. Algo pode estar em andamento. Aos poucos, sem alarde, sem conflitos, nem imposições. A natureza aliou-se a um punhado de homens e mulheres. São pesquisadores e cuidadores de animais.
Parece que, juntos, estão construindo e recebendo aspectos novos. Uma sensibilização estaria em curso promovendo a mansuetude e a docilidade a muitos destes animais. É tudo muito recente e o número, ainda muito limitado. Mas, após tanta perturbação e destruição, enfim aconteceu.