Por: Antonio Mata.
É bem verdade que não viviam sob o mesmo teto. O que realmente não seria muito possível. De fato, sequer se conheciam, ou pelo menos não se lembravam umas das outras.
Por todo o dia cuidavam de seus afazeres e de suas vidas. As questões da escola, o convívio familiar, ou a sua ausência. Nada que chamasse a atenção ou pudesse salientar aspectos comuns.
Contudo, a pouca idade, o início da adolescência, trazia em seu silêncio os melhores auspícios àquele grupo de meninas. Não eram especiais, nem melhores, nem piores que os demais,
Ainda assim, traziam consigo a predisposição orgânica, a capacidade de oferecer vibrações elevadas no enfrentamento das perturbações humanas em um mundo tomado de moléstias mentais de toda ordem.
Cai a noite na cidade. Em que pese o hábito nocivo do celular nas mãos, até tarde da noite, irmãos atentos aguardam o momento de um simples cochilo para poder puxá-las para a continuidade de seus encontros no Campo das Flores. Imenso jardim a se perder de vista ao horizonte. Não há classe social, não há credo nem cor. Todas são bem vindas.
A sucessão de jardineiras com flores diversas em cores de um vivo profundo. Só lhes falta falar, já que possuem clara percepção da presença das meninas. A despeito da noite em seus lares, é dia no Campo das Flores, pronto para recebe-las.
Por entre esta visão do paraíso, as adolescentes são reunidas em centros de treinamento, onde prosseguem com o seu aprendizado, que ficará adormecido por mais algum tempo.
No momento certo, no início da vida adulta, poderão assim, tomar posse de todos os seus atributos e predisposições, aliados ao aprendizado e acompanhamento oferecidos, seja no sono e depois na vigília. Aprenderão a identificar a presença de seus mentores e guias espirituais.
Meninos e meninas ainda, sendo preparados para o fundamental papel, em seu favor e em favor dos demais. Os socorristas e trabalhadores por excelência.
Aqueles que aceitaram o desafio de fazer a linha de frente no auxílio aos necessitados e às necessidades da nova fase. O grande momento da Reconstrução. Humanos ligados à Terra, como nenhum outro terrestre jamais esteve.