Por: Antonio Mata.
As tentativas para a manipulação do clima, os cristais de sal lançados nas nuvens, os antigos xamãs, suas danças e cânticos. Se tornar um importante e poderoso mandachuva.
E então, das plagas da inteligência ou pelo caminho dos xamãs, descer e fazer valer a pouca moral existente. O gosto pela ideia antiga, que se acreditava poder esconder. O desejo de controlar e subjugar os homens.
Acocorado, respirando devagar, sujo, o suor pingando. Olhar vago e vazio, como alguém que já perdeu sua razão, sua esperança é fé. O mar azul não contava nada disso. Já às suas costas, sim, contava tudo. Preferiu não ver mais.
Sentou no chão enquanto buscava acalentar a si mesmo. Vento leve chegava do mar e trazia maresia. Como que desejosa de soprar o calor daquelas terras. Mas, era só isso, só o sopro de mar e mais nada. Maresia não é chuva, nem nunca soube, nem mesmo viu nenhum Haarp.
Nem aquele que certos pesquisadores andaram fazendo no sertão de caatinga.
— Será isso mesmo, meu Deus, será tudo? Padecer aqui, no meio de tanta gente, tanta reza, tanta fé, tanta gente acreditando e pedindo pelo fim da terra seca. É um século por cima do outro. Um por cima do outro, sem acontecer nada. Já não ouves mais, é assim? Já não tenho mais no que pensar, nem sei mais o que fazer. Já chegou no mar. É o fim do agreste? Então, o fim é aqui mesmo, é assim?
A mente vagava entre incertezas. Dúvidas e especulações, assim como se permitiu e fez. Assim como muitos do próprio povo fizera. O que não lhes chegou, pois poucos sabem, não prestaram atenção ou não sentem seus efeitos, é que o tempo do sertão cativeiro já caminha para o seu término.
Já existe um aparato, uma infraestrutura, sob a forma de estradas, açudes, cisternas, postos de dessalinização de água, poços artesianos e técnicas aperfeiçoadas de irrigação.
Aos poucos, em que pese a insistência dos currais, da exploração do homem por outro homem, o cenário muda e passa. Climatologistas já falam na chegada das chuvas permanentes no sertão em trinta anos. As chuvas vão chegar, contudo, em tempo muito menor.
Trabalho, Deus, Cristo, caridade e esperança. Mais que a Terra, muda os homens. Eles próprios hão de suspender o cativeiro. Deus honra seus filhos, mais que os filhos honram ao Pai.