Por: Antonio Mata
Aspecto austero e sólido das antigas construções, o prédio já adotava o ar das coisas abandonadas. Em uma das extremidades da praça. O arranjo similar encontrado em outras cidades.
A frente voltada para o centro da praça, não possuía pichações, ainda que estivesse suja. Já nos fundos, que nas noites ficava de frente para a rua deserta, fedia a mijo de um canto a outro.
Nas vias próximas, comércio que já não abre mais as portas. Há quanto tempo? Foi no Covid? Na última crise? Algo mais antigo? Somente alguns veículos e os motoboys passando.
Estes, pouco afastavam a ideia de um lugar que já não tinha mais valor nem importância. Outrora, o prédio agora fechado, fora uma biblioteca pública.
Agora não tinha mais destinação nem serventia. O miolo da cidade com seus prédios públicos estava sendo esquecido. Nos seus becos e nem na praça, já não há mais casais.
Os casais passaram, as crianças também. A praça, as ruas, tudo envelheceu e perdeu seu sentido. A vida voltou-se para dentro de casa. Sem que as mães viessem chamar.
Deixando a praça e percorrendo as ruas próximas, as lojas fechadas e a ausência da algazarra comercial, davam conta de que o veio havia se exaurido. Ninguém compra, ninguém vende nem põe abaixo. O lugar ficou paralisado. Já não se sabe mais o que fazer com aqueles prédios carcomidos pelo tempo.
Perderam seu vigor e ninguém mais quer ficar ali. Foi se tornando frequentado pelos moradores de rua da cidade, os abandonados. Logo chega outro tipo de gente. Usuários de crack para completar a desilusão, fora das vistas dos demais.