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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

Deus no sertão

Por: Antonio Mata

Transtorno diário sem nenhuma vontade de querer mudar. Muita gente ali naquele trânsito parado. Com motocicletas avançando em zigue-zague pelos cantos. Tocavam aquela buzina estridente.

Alguém no banco de trás pôs a tocar uma gravação cover de “Eu e Deus no sertão”. A partir de versos simples, histórias comuns da vida, apoiados em um ritmo cadenciado ao violão.

Aquela música sossegou as mentes. A canção gravada por Vitor e Léo, na interpretação de Rubens Pequeno, do Cover Music Trend, retirou o grupo dali daquele carro. Ainda que momentaneamente, saíram do barulho e da confusão da cidade.

Silenciosamente ouviam a melodia. Ao final surgiram conversas, contavam lembranças. Planos de um dia botar os pés na terra, na beira do rio. De um dia subir a serra. Um dia deram as costas. Agora, a simplicidade no viver precisava voltar.

“Ele será como uma boa árvore, plantada junto às boas águas, que estende suas raízes para o ribeiro...” Jeremias 17:8

Qual um bêbado em seus passos trôpegos e perdidos. Já se delineava a trilha a seguir, desde a “Primavera Silenciosa”, de 1962. Dos sucessivos envenenamentos, da terra, das águas e do ar à saturação dos espaços.

Os marcos, que se tornavam cada vez mais visíveis, falavam dos assombros e desenganos, enquanto caminhava e tropeçava a humanidade. A grande cidade, um dia sinônimo de progresso, se tornava receptora de todos os males.

Uma multidão logo irá se apresentar no cadinho que se fez torrente. Nos campos, nos rios, nas florestas e nas montanhas. Já estão prontos para ver a Deus, para ser a boa árvore.

O caminho a seguir vem na simplicidade das ideias e sentimentos. Está em muitos lugares, escritos, imagens e canções. Obrigado Vitor e Léo. Obrigado Rubens.

                                                            

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