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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

Doce viver

Por: Antonio Mata.

Fim de ano não era, ainda faltavam quase três meses. Mas estava tão apinhado de gente como se fosse. Fez sol pela manhã, à tarde já estava cinzento de novo.

Nossa Senhora de Copacabana, a avenida. Quem olhasse para o asfalto e os carros, quem olhasse para as calçadas poderia ver a quase paralisação. 

Ouvir o burburinho enervante. De vozes, do som de motores entremeados de buzinas e a sonorização, já sem sentido, nas lojas. Parecia que tinham resolvido ir para as ruas, todos ao mesmo tempo.

Nessas horas um pouco de paciência ajuda. Pena saber que não era só ali. Mas, tudo bem, menos mal. No dia seguinte, chance boa de fazer sol pela manhã outra vez. Aí é só sair cedo e seguir para as praias. Vai apinhar tudo de novo. Só que agora se acha diferente, se acostuma. 

Quem sabe, mais razão tivessem os antigos gregos. Com 20 mil habitantes, saturavam e já estavam querendo se mudar. Não precisava ser tanto, mas, quem sabe ajudasse lembrar.

Assim, amontoados como se encontravam, comprometiam suas próprias existências de um modo extenso e gradativo. Aí então, ficou assim, gente e prédios demais.

Assumiam o risco de consumir seus melhores dias acreditando em algo que já não existia e que nunca mais iria voltar. O tempo havia passado e levado com ele o que mais se amou, o doce viver. 

                                                              

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