Foto: peeterv por Getty images
Por: Antonio Mata
No meio da multidão era só mais um desempregado, naquela leva dos quinze milhões espalhados pelo país. O caminhar lento e aparentemente tranquilo escondia a ansiedade pelo dia que viria.
O medo da insolvência, da inadimplência, da pura e simples falência. A multidão avança diante de seus olhos, retrocede, cruza, ultrapassa. Milhares de cabeças pensantes; os angustiados; os deprimidos; os revoltados; os acomodados.
Além de um punhado de brandos e pacíficos, sabedores de que na vida tudo muda, tudo passa, tudo se transforma, segundo leis universais, e não segundo a vontade, subordinada à visão limitada e acanhada dos homens.
Por que razão tanta gente, milhões de pessoas, vivem a experiência da escassez?
Resposta:
Porque milhões de pessoas, a despeito das muitas oportunidades oferecidas, nunca compreenderam o real valor do dinheiro.
O dinheiro por si só é neutro. Posto em ação ele libera toda a sua energia. Toda a sua capacidade de atuar e impelir a matéria. Empurra adiante os homens do mundo.
Aqueles mesmos que de outra forma, teriam preferido consumir seus dias (e imobilizar seus neurônios) sob a sombra das árvores. A vida continuaria sem maiores problemas. Mas, o processo civilizatório estaria comprometido.
Não fosse pela ação retificadora do dinheiro, mananciais enormes de inteligência e capacidades operativas teriam permanecido sem uso e adormecidas sob a sombra das árvores.
Aceitar tal possibilidade, seria negar a Lei do Trabalho. Sem compreender que até as árvores fazem parte do Patrimônio Divino; enquanto o homem precisa erigir seu próprio patrimônio de conhecimentos e experiências.
Chamam isto de inteligência, o pensamento em ação; expresso no mundo e na vida. Sem inteligência aplicada não há patrimônio verdadeiro. Aquele patrimônio que as traças não comem e os ladrões não roubam. Assim se eterniza no infinito dos tempos; não há como negar, é seu.
As lições da escassez alertam a multidão de que o exercício ainda não foi feito da forma devida. Gastar por si só não é ativar a energia latente do dinheiro. Gastar com o quê? Há de se separar aquilo que se precisa, daquilo que é inútil. Isto não é difícil de entender.
Uma simples pizza na companhia dos amigos, ou uma rodada de compras com toda sorte de supérfluos? Em certos momentos nem a própria pessoa saberia dizer por que comprou. É a Impulsividade, a compulsão.
Comparar para saber gastar, economizar para saber poupar; poupar para ser previdente; ser previdente para poder estabelecer valor daquilo que ainda não chegou.
É substituir a ideia de futuro pela ideia de linha do tempo. O futuro é impreciso; a linha do tempo admite etapas. Tirar proveito da flexibilidade daquilo que ainda não chegou; poder moldar de acordo com o que realmente se precisa.
Há de existir um ponto de partida. É valorizar aquilo que já se possui. Este é o antídoto contra o desperdício. Outro elixir mágico é a paciência. Saber que tudo tem seu tempo e seus prazos.
O resultado último desta sequência de exercícios oferecidos pelo Divino, é a sua melhor localização no cenário de sua própria vida. Isto se dá sob a forma de maior segurança e tranquilidade, os aniquiladores da ansiedade.
Há ainda o reconhecimento do momento vivido, o agora. Quem compreende e se localiza no agora elimina a depressão. Ao olhar para trás o que enxergará é a sua trajetória de evolução, e não fracassos sucessivos.
Dessa forma, dinheiro não é maldição, nem solução. Dinheiro é instrumento de educação quanto a forma de se viver no plano da matéria. Não é ator principal; é coadjuvante.
A mente liberada das pressões indevidas do dinheiro, porque se educou; se habilita a outras tantas realizações no universo Divino das experiências evolutivas do homem. Assim, a misericórdia Divina terá chegado até você. E agora, o que você vai fazer?