Foto: Karollyne Hubert
Por: Antonio Mata
Estavam presentes manhã, tarde e noite, como algo que necessitasse ser muito bem lembrado. Pelo pesar, comoção, destruição, e implicações, precisava. Não poderia ser entendido como algo fácil de se esquecer. Por isso, era repetido e repetido.
Então, em outra parte do mundo, o que era expectativa, invadiu as telas como realidade. A guerra estava de volta às terras da Europa, com todas as suas dores, medos, lágrimas e horrores. As chamas e explosões substituíram as inundações. Nada a fazer, apenas sentar-se e morbidamente assistir.
As inundações e deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro estavam fora dos noticiários. Outro morticínio havia chegado, e na lógica da notícia, lhe fazia concorrência.
Foi nos idos de 1973. Um estudo apresentado às autoridades de governo, propunha a desconcentração da atividade produtiva, e com ela, o deslocamento do crescimento populacional, no sudeste do Brasil, notadamente, Rio de Janeiro e São Paulo.
Com o advento da crise do petróleo, deflagrada naquele ano, tal intento foi rapidamente abandonado. A alegação era a indisponibilidade de recursos para infraestrutura, ainda que tais ações se deem no tempo-espaço, o que efetivamente acabou acontecendo, porém sem nenhum planejamento mais abrangente.
Um pouco mais de decisão poderia ter aliviado a pressão por sobre o espaço natural, poupado as encostas, que hoje, desmatadas e cheias de gente, deslizam e matam, sucumbindo às enxurradas.
Muito da beleza da região, a mais visitada do país, não se perderia, e o grande número de vidas humanas, poupadas. O respeito ao meio ambiente e à própria população teria triunfado. A tragédia teria cedido lugar à compreensão, ao planejamento e ao exemplo.