Por: Antonio Mata
Não parecia estar dormindo. A pressão na cabeça incomodava de forma anormal. Mais que a dor no peito e no ombro. Se havia algo para lembrar, não devia ser naquele momento. Já que não sabia estar acordado ou dormindo.
Tinha escutado uma conversa, certa vez. Era sobre o caso de pessoas que morrem dormindo. Foi dormir e aí não voltou mais. Pessoas que não faziam a menor ideia do que se passava e morreram sem o saber.
Queria parar com aqueles pensamentos desencontrados e aceitar as coisas do jeito como elas sempre foram. Apenas sossegar a mente, só que não conseguia nem isso.
Até que se deu conta de que ainda respirava. Ora, mortos não respiram, logo, não estava morto. Achou de querer mexer ligeiramente os dedos dos pés. Ao mesmo tempo, em que decidiu que não queria fazer nada.
De fato, estava ausente demais para comandar qualquer movimento. Ainda assim, faltava saber que quarto era aquele, onde não enxergava coisa alguma.
Desejoso de se virar na cama, descobriu que o corpo não obedecia. Estava preso naquele quarto esquisito, onde podia ouvir passos. Não apenas de um, mas de várias pessoas. Quis gritar. O esforço era terrível, mas a voz não saía.
Passos, vozes, ruídos, muito barulho, às vezes ensurdecedor. O calor, a dor e a angústia de não conseguir se localizar dentro daquilo. Pareceu ter voltado à razão por alguns instantes.
A clavícula doía junto ao resto, enquanto o ar faltava. Voltou a perturbar-se sem dar definição do que acontecia. Via tudo de cabeça para baixo. Até que surgiu uma voz.
— Aguarde só mais um pouco. Já chamaram a equipe de socorro. O bombeiro já vai te tirar daí.