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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

Oito minutos

                                                              

                                                                                                                                 Imagem: Pixabay - Janeb13

Por: Antonio Mata

Provocava letargia, preguiça e mal-estar, saber que ainda não havia terminado. Não às 17 horas. Levaria pelo menos mais duas horas antes de alguma melhoria.

Ao longe trovejou brevemente. Pelo tamanho, não dava para especular se poderia chegar um pouco de água por estas bandas da cidade. No entanto, chegou.

Só uma chuva leve, evaporando sob o asfalto quente e os telhados. Bastava olhar adiante, o céu azul ao fundo, para saber que não iria durar.

Deu-se conta de que não era o único, de jeito nenhum. Após uns três ou quatro minutos, sucessivas levas de pássaros. Bandos de curicas se exibiam voando sob a chuva fina. Barulhentos e fazendo piruetas se ocupavam em seu próprio entendimento sobre o que fazer com um pouco de chuva.

Passaram-se apenas oito minutos e não mais. As curicas retornaram e se misturaram no dossel das árvores, até se tornarem invisíveis. Nem por isso deixaram de tagarelar. Contavam do efeito da chuva, do vento e do cheiro da terra.

O perfume de chuva e terra se estendeu por meia hora, talvez e logo acabou. O vento cessou e as ruas secaram logo. As curicas se recolheram e o burburinho da cidade voltou.

As pessoas retomaram seus afazeres, enquanto outras seguiam casa. Com um punhado de nuvens se concentrando no poente, escureceu mais cedo. Logo chegaria o silêncio da noite. Até a tal da letargia passou.

 

 

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