Por: Antonio Mata
Os cães bassê, têm suas origens nos antigos cães de caça. Há quem os chame de cachorro anão, por conta de seu tamanho. Eram caçadores de animais de toca. Conquistavam a simpatia dos demais com relativa facilidade.
Afetuosos e brincalhões, sempre aptos a um passeio, a pé, de carro ou mesmo no colo, rapidamente se vêm aceitos. Repletos de energia, às vezes traem seus donos. Com certos hábitos nem sempre compreensíveis pelos seus cuidadores.
A manhã de sábado aventou um passeio até a casa de amigos. No caminho fariam rápida parada de modo a recolher uma caixa térmica para o gelo.
Pablito já conhecia o local e os donos da casa. Bastou que abrissem o portão e se precipitou adentro. Na ocasião haviam retirado muito lixo que acabou amontoado para ser posto do lado de fora. Enquanto isso não era feito, o volume derramava chorume, sem que os donos da casa percebessem.
Atraído pelo cheiro do lixo, juntou a sua curiosidade natural, a euforia pela visita e sua consequente correria pela casa. Ao notar o chorume, encarou tudo como integrante daquela grande brincadeira em um sábado de sol na casa de amigos.
Atirou-se por sobre o líquido, esfregando por todo o corpo. A alegria em forma de cão, antes que seus donos pudessem pegá-lo de volta, sentiu a presença de outra coisa para lá de bem-vinda. Cinzas de carvão, da churrascada da noite de sexta-feira.
Driblou a todos que tentavam segurá-lo e mergulhou nas cinzas acumuladas por debaixo da churrasqueira improvisada. Feliz e sabedor do enorme sucesso que estava fazendo, corria em círculos com os dois casais procurando detê-lo.
De vez em quando, uma ligeira olhadela para trás. Só para ter certeza de que não iria perder nada daquela manhã. A boquinha aberta, respiração ofegante, a língua para fora e o olhar de felicidade eram incontestáveis. Isso sim é que é vida!
Quem conseguiu pegá-lo foi a dona da casa. Pablito estava em uma condição lastimável. Um cheiro insuportável de carniça e todo sujo de cinzas e restos de gordura.
Meio sem saber o que dizer, se desculparam e retornaram para casa com Pablito no colo o tempo todo para não tocar em nada dentro do carro. Muito menos sem poder lamber a gordura em volta de seu corpo.
O rabinho fino e comprido não parava de sacudir, tamanha a sua satisfação. O veículo prosseguiu com todas as janelas abertas. Enfim, a manhã de sábado terminou dessa forma. A visita original acabou esquecida.