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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

Sem direção

                                                                  

Por: Antonio Mata

Não foi difícil nem incomum sentir aquele frio todo. O vento soprava mais gelado, mudando de direção. O céu, cada vez mais nublado, só completava o alerta.

A notícia se espalhou eletricamente, como se um raio acionasse a tudo e a todos ao mesmo tempo. Milhares de cabecinhas trataram de acionar seus registros instintivos, aqueles que ficam guardados do tempo imemorial.

Aquele que ninguém nunca soube quando começou, apenas sabe que existe porque está ali, visível, no lugar e nas carinhas eletrizadas, todas querendo uma coisa só. Contudo, aguarda-se uma manifestação final.  

— Já chega, agora acabou a cantoria, chega de namoro e de postura. Cuidem das crianças, estejam todos de barriga bem cheia. Reúnam os pequeninos e os preparem para seu primeiro grande voo. — Neio, um macho de sete anos, orientava o bando para retomarem o caminho de volta às terras quentes do sul.

Amanhã sairemos todos bem cedo. Está  na hora de partir. — Completou Neio.

— Hora de voltar, que ótimo! Sobrevoar o litoral e prosseguir sempre, até achar as terras novas, as grandes florestas, os sertões, e o calor mais uma vez. — Hermes, um jovem em seu segundo retorno ao sul estava empolgado com aquilo que para ele, ainda era uma grande novidade. Era todo ansiedade de conhecer, de voar e de viver.

— Eu também quero! Já ouvi falar tanta coisa dessa viagem. Agora passo o tempo todo sonhando acordada. Quero sair logo e começar o mais rápido possível. — Completava Zoe, uma filhote, aspirante à sua primeira viagem rumo às terras quentes.

Manhã enevoada de final de setembro. O grande bando aguarda ansiosamente os primeiros raios do sol. Zoe e Hermes mal puderam dormir, tamanha a expectativa daquela manhã.

Neio se levanta, olha para o céu nublado e se dirige aos demais.

— Eu e Kira vamos na frente, com as crianças logo a seguir, Alano e Elba acompanham os demais. Pois bem, as terras quentes nos esperam. Todos aos céus, todos ao Sul!

Ao comando do velho Neio o grande bando de andorinhas, entusiasticamente deixa o céu coalhado de pontinhos escuros, cheios de energia e alegria, contrastando com as nuvens logo acima. Estas não chegavam a ser um grande problema, pois logo superariam aquela camada.

Primeiramente teriam de se dirigir para oeste, acompanhando a faixa litorânea norte-americana do Golfo do México. Haviam deixado a Floresta Nacional de Osceola , ao norte da Flórida, próximo a Lake City, com destino à Floresta de Apalachicola, onde desceriam a 20km da localidade de Sumatra, dentro da reserva florestal.

Todo este primeiro percurso seria sobre a terra, uma reta de 237km. Neio sabia que estaria conduzindo filhotes, por isso não podia fazer trajetos mais longos. Desse modo, os recém-saídos de seus ovinhos de 3 centímetros, poderiam acompanhar a sua primeira migração para o Brasil sem maiores problemas.

O bando guiado pelo mais experiente, buscava o pequeno paraíso na Terra, que recebera Neio, o passarinho, quase sete anos antes. Havia contado aos filhotes sobre aquele refúgio repleto de matas, cachoeiras, morros e rios. O paraíso que sua memória tão habilmente fixou era o Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais.

Ao amanhecer prosseguiriam para a Floresta Estadual de Blackwater, 200km a oeste, ainda no estado da Flórida. Na floresta puderam descansar, sem, no entanto, esquecer o seu banquete favorito, insetos em voo. Era como gostavam de comer, capturando os mais diversos tipos de insetos no ar.

Avançariam sempre margeando o golfo do México, chegando no estado da Luisiana, e depois Texas. Bastava seguir sempre para o oeste e depois para o sul, através da fronteira com o México. A última parada em terras norte-americanas ocorreria no Refúgio da Vida Silvestre de Laguna Atascosa, no Texas.

A partir do México bastaria voar sempre para o sul, sempre sobre o continente, rumo às terras quentes, repletas de águas e alimentos do Brasil, onde devorariam toneladas de insetos diversos à vontade, contribuindo para o equilíbrio ecológico das regiões do país.

O velho Neio estava feliz. Com a idade já avançada, sabia de antemão que logo teria de ceder a liderança do bando para os mais jovens e mais fortes.

Sabia que para ele, a vida das grandes migrações estava caminhando para o seu final, de forma tão natural quanto  sempre foi, naqueles dias e antes deles. Perseguidores de insetos até se fartar, desconhece-se alguém que tenha se incomodado com a presença das andorinhas pelos céus do seu país, em todas as Américas.

Alçaram voo da Reserva de Blackwater com os primeiros raios do sol, seguindo para a próxima parada, em De Soto National Forest, no Mississipi.

De Soto possui uma floresta de pinheiros da savana, um tipo de vegetação que já não existe mais em outras partes do país, mas onde os bandos de pássaros podem se acomodar com facilidade, e protegidos, durante sua migração anual.

Em poucos dias já estavam prontos para seguir destino, rumo ao Refúgio Nacional de Atchafalaya, na Louisiana, a 250km de distância. A planície de inundação, repletas de árvores centenárias abrigaria mais uma vez, o cortejo anual de pássaros.

Foi justamente na saída de Atchafalaya que aconteceu algo que marcaria toda a migração, e a vida de todo aquele bando de andorinhas azuis. Mais que incomum, foi totalmente inesperado e desconhecido. Contudo, não seriam certamente os únicos.

Era inegável que todos confiavam na experiência do velho Neio, acostumado com as migrações anuais e velho conhecedor do destino,  já em terras brasileiras, sempre buscado por aquele bando.

Neio observou os céus com atenção, e parecia estar incomodado. Com o quê exatamente, ele não disse a ninguém. Talvez, nem ele  soubesse propriamente do que se tratava.

Sinalizou a todos para reiniciarem o voo. Em pouco tempo o bando estava a caminho do Refúgio Nacional de Sabine, na Louisiana, outros 225km a oeste de Atchafalaya.

Tudo corria bem, dentro da tranquilidade e alegria habitual do deslocamento. O bando de passarinhos seguia adiante, com paradas em reservas, refúgios e parques, no seu caminho até a Serra da Canastra.

São caminhos na realidade idealizados pelas próprias aves migratórias e outros animais, há muitos milênios, só há pouco tempo reconhecido pelos homens.

Uma viagem de cerca de 9000km, que levaria de 35 a 40 dias. Cheia de riscos e impedimentos, aos quais, de certa forma, já estavam acostumados. Não seriam os falcões e todo tipo de rapinantes, ou as tempestades, e nem as serpentes que haveriam de detê-los.

Entretanto, um certo agravante absolutamente invisível se aproximava. Invisível aos próprios homens, o homem comum,  mesmo com sua dimensão descomunal, quanto mais aos pequenos e corajosos azuis, transportando os seus bebês.

Neio tomou o rumo do Refúgio da Vida Silvestre de Sabine, conforme estabelecido, rota por demais conhecida pelo velho azul. Por razões que a própria razão desconhece, já não era mais a mesma coisa.

Algo então aconteceu.

Tão sorrateiro e oculto, sem chance para Neio perceber o que se passava, seu sentido de direção, de repente se perdeu.

Saindo de Atchafalaya, Neio e seu bando cruzaram os céus no intuito de seguir pelo norte de Vermillion Bay, com o litoral prosseguindo repleto de lagos e canais. Avançariam até alcançar o norte do grande White Lake. Bastaria prosseguir, sobrevoando centenas de lagunas até chegar ao sul do refúgio de Sabine.

Para Neio, seu censo de direção lhe dizia para seguir sempre em linha reta. Não havia confusão, bastava seguir aquilo que já aprendera. Entretanto, não foi isto que seus olhos viram.

Ao sair de Atchalafaya, assumiu, sem o saber, um rumo de mais de 15 graus sul. Seu censo de direção lhe informava uma linha reta. Seus olhos viram cruzar Vermillion Bay, e prosseguir na direção do Golfo do México, em mar aberto, e não White Lake.

Neio tinha naquele momento duas informações diferentes. Seu instinto não conseguia processá-las ao mesmo tempo. Então optou pelo que, para ele, seria uma reta. Era sua segurança e de todo o bando. Sua reta, sua direção estava deslocada para o sul. Neio confiava em seu voo instintivo.

Então voaram 100km, 200km, sem enxergar terra. Neio continuava confuso. Estava se aproximando o momento em que os pequeninos precisariam pousar e descansar.  

Com o segundo grupo, logo atrás de Neio, todos prosseguiam sem desconfiar do que pudesse estar acontecendo. Em dado momento, Hermes percebe que ao cruzarem Vermillion Bay, estavam adentrando cada vez mais o mar aberto. Isto o assustou.

— Ei, vocês estão vendo? Estamos voando na direção do mar. As andorinhas procuram viajar sobre a terra. Cadê a terra? Não estou vendo terra.

O bando prossegue sem lhe dar atenção. Hermes se desespera.

— Ei, vocês aí, vocês estão surdos? Eeeiiii !

— Pare com isso Hermes, não estão entendendo nada. — Dizia Perseu, que o acompanhava de perto.

— Estão acostumados a seguir Neio. Não vão mudar só porque você apareceu com uma idéia diferente. Falou-lhe Zoe.

— Ah é? E agora, o que vamos fazer?

— Não faço a menor ideia Hermes.

Hermes continuava preocupado com aquela situação. Não entendia por que Neio não avisava a todos para retornarem à terra. Sentia intimamente que algo havia saído errado.

— Ainda podemos tentar uma coisa.

— Que coisa Hermes? Perguntava Zoe.

Hermes encheu os pequenos pulmões de ar e começou a gritar.

— Comida, comida! Eu me lembrei, já sei onde tem muita comida! São mariposas e gafanhotos enormes. A diferença é que são daqueles bem macios. — E continuou com a sua gritaria.

— E borboletas coloridas, deliciosas! Já sei onde tem, vamos lá, vamos lá. Quem ficar para trás é um bobo!

Quando a gurizada pintada de azul escutou aquilo, e viu Hermes deixando o bando e seguindo para a direita, 1400 filhotes famintos voaram atrás dele, sem pensar duas vezes. Outros 500 adultos atônitos e confusos com aquele atrevimento, mas igualmente famintos, e vendo seus bebês indo embora, acabaram fazendo o mesmo.

— Se isto for mentira Hermes, se afogue no mar, antes que eu lhe alcance, seu insolente; irresponsável; inconsequente!

Pietra,  se transformando em arara, ante a rebeldia de Hermes, soltava impropérios a todo tempo.

Que acinte daquele moleque! Repetia a todo tempo.

O que aconteceu, é que Hermes foi quem teve a presença de espírito de alterar o rumo, após cruzarem Vermillion Bay.  Esperava que seguissem adiante, para White Lake, mas não foi isso o que ele viu.

Hesitou uma, duas, três vezes. Na quarta vez, passarinho aloprado feito, já em torno de 200km percorridos, gritou pelos  demais e aproou para o que acreditava ser o norte.

Na realidade o censo de direção havia se perdido. Hermes, talvez por ser jovem e inexperiente, e se guiar mais pelas paisagens lá embaixo, sentiu que algo estava fora do lugar. Já Neio, guiava pelo seu censo de direção, que de alguma forma misteriosa, havia falhado perigosamente.

Seguindo para a sua direita, se era norte ou se não era, já não fazia mais diferença. De fato, passou a seguir para noroeste, e Hermes avançava na esperança de ver terra. Foi então que, 33km à frente, vislumbrou os mangues e as terras úmidas entre as localidades de Cameron e Creole.

O Refúgio Nacional de Sabine, que seria o próximo destino de todo o bando conduzido por Neio, estava 40km à sua esquerda, ainda que no momento não soubesse. Porém os mais antigos sim.

Pousaram nos arvoredos próximos, que rapidamente ficaram cheios de andorinhas. Com os bebês em segurança, aquelas perguntas foram inevitáveis.

— Hermes cadê as borboletas lindas, coloridas e deliciosas? Não estou vendo nenhuma. — Indagava Lineu, um dos filhotes, de barriga vazia.

— Hermes para que lado eu encontro besouros e gafanhotos? Está na hora de matar a fome.— Dizia Nedeia, uma outra filhote.

Uma andorinha tinhosa, olhava para Hermes com olhos que cuspiam fogo. Era Pietra, aguardando as providências de Hermes.

— Arranje comida Hermes, e arranje rápido. O que não falta por aqui, é bastante água para você se afogar, por acidente.

Hermes, tentando driblar o nervosismo, procurava acalmar e orientar a todos.

— Ora minha gente, desde quando manguezal não tem insetos de primeira qualidade? Vamos sair por aí, garanto que vão aparecer. O que estão esperando meninos, vamos comer, e no ar que é o nosso estilo!

— Ótima ideia tio, vamos logo!— Gritavam os filhotes.

Foi a salvação da lavoura de Hermes. Afinal, manguezais costumam ter insetos de primeira qualidade, e aos montes. Ainda bem que as crianças encararam tudo como uma grande surpresa.

Porém a situação de Neio e a maior parte do bando continuava difícil, e todos prosseguiam dramaticamente por sobre o mar.

Ao cruzar Vermillion Bay, Neio assumiu, sem o saber, a direção para Port Oconnor, a 550km adiante, sobre o mar. A 390km, avistou à sua direita, uma pequena cidade, era Galveston, no Texas. Seus pequeninos começavam a dar evidentes sinais de exaustão. Se não tivessem onde pousar, fatalmente iriam morrer.

Com seus filhotes a um passo da morte, Neio finalmente se despede de seu censo de direção e assume a necessidade de pousar em qualquer lugar. Ainda precisavam percorrer mais 23km à direita para alcançar terra. Logo após a cidade, existia uma sequência de ilhotas compridas interligadas por uma estrada.

Neio e seu bando de andorinhas exaustas se precipitaram na estrada e nos arredores. Haviam percorrido 418km de voo cego.

Poderiam descansar, mas precisavam de água doce e de comida em quantidade. O Refúgio Nacional de Brazoria, estava 19km à sua esquerda, sobrevoando as ilhas, portanto dentro do campo de visão de Neio. Preocupou-se então em pousar a todos primeiro, para então poder se deslocar para Brazoria.

Não demorou muito para Neio receber a pior e triste notícia. Aquela que ainda não sabia.

É que a partir de 380km, os filhotes mais exaustos começaram a se precipitar no mar. Quando o bando chegou à estrada, pelo menos 1800 filhotes, dos 4 mil que ainda estavam consigo, haviam ficado para trás e perecido no golfo. Os outros 1400 filhotes restantes, acabaram salvos por Hermes.

Neio ficou arrasado com a perda de tantos filhotes. Bebês que eram responsabilidade sua.

Permaneceu algum tempo olhando para as águas do golfo. De repente, alçou voo na direção do mar. Intimamente já não se sentia mais capaz de guiar o seu bando, com a perda de seus filhotes. Desejava se atirar no mar, tal e qual acontecera com os seus bebês exaustos.

Vários integrantes da equipe, dentre os mais experientes seguiram até Neio, no intuito de trazê-lo de volta.

— Neio, não se condene tanto, não foi culpa sua. Nós também não sabíamos o que estava acontecendo. — Dizia Heleno, um dos pássaros mais velhos.

— Volte Neio, ainda existem milhares de andorinhas para chegar no repouso do sul. Precisamos de você, é quem melhor conhece o caminho. Não podemos nos perder novamente. — Agora era Orfeu, buscando sensibilizar o amigo e trazê-lo à razão.

— Vi um grupo de andorinhas se afastar quando estávamos indo na direção do mar. Espero que tenham se salvado também. — Dizia Neio, ainda se sentindo culpado.

Neio, abatido, pensou mais um pouco, e ainda amargurado com o ocorrido, decidiu retornar para o bando e levá-los para Brazoria. Lá encontrariam água fresca e comida. Além do que, estavam muito perto.

O Refúgio Nacional da Vida Silvestre de Brazoria foi criado em respeito às aves migratórias que sempre transitam na região e enfrentam sempre as mesmas dificuldades, quanto a água, comida e repouso para todos. Neio e os remanescentes de seu bando permaneceram três dias em Brazoria para descansar.

Enquanto isso, algo bastante sensato estava acontecendo com o grupo que havia inicialmente ficado para trás. Gaio, um dos machos adultos que havia acompanhado Hermes, quando de sua guinada de volta à terra, o que salvou o grupo, compreendeu os bons propósitos da iniciativo do jovem Hermes e o apoiou junto aos mais velhos.

— Prestem bem atenção. Não podemos ficar acusando Hermes de ter sido irresponsável, afinal estamos todos em segurança, graças a ele. E outra coisa, não sabemos ainda o que aconteceu com Neio e o resto do bando.

Pietra, por mais que implicasse com Hermes reconhecia agora, a sua iniciativa como de grande valor.

— Você tem razão Gaio. Hermes fez algo que nunca vi alguém fazer. Já Neio, fez o que sabia fazer com toda a sua experiência. Só que ninguém sabe o que foi que aconteceu.

Em dois dias o grupo de Hermes, Gaio e Pietra alçou voo, dando continuidade à migração das andorinhas.

Em Brazoria, Neio, Heleno e Orfeu, assim como os demais adultos aguardavam pela recuperação dos filhotes, antes de prosseguirem com a viagem.

Qual não foi a surpresa, ao avistarem um pequeno grupo de andorinhas se aproximando. Eram eles mesmos. Hermes, Pietra e Gaio, chegavam em Brazoria trazendo as demais andorinhas.

Mais uma vez o bando estava reunido. Combinaram que Neio ficaria mais um dia, de tal forma que pudessem sair todos juntos e dar prosseguimento a viagem.

Seguiram para Aransas, outro refúgio nacional criado para receber aves migratórias. Dali foram para a Ilha do Padre (Padre Island National Sea Shore), até chegarem em Atascosa, o último refúgio norte-americano.

Cruzaram a fronteira com o México e prosseguiram através da América Central, cruzando a Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, até a Colômbia.

A partir da Colômbia, prosseguiram até adentrarem o território brasileiro. Cruzaram a Amazônia, até o estado do Mato Grosso, cruzaram Goiás, e finalmente alcançaram Minas Gerais.

No sul de Minas, se dirigiram ao Parque Nacional da Serra da Canastra, próximo ao estado de São Paulo. Era o paraíso na Terra, concebido por Neio e todos aqueles que o antecederam, e gravaram em suas mentes a localização da serra.

Hermes, Zoe, Pietra, Gaio e todos os demais estavam exultantes com a grande viagem, a migração anual das andorinhas azuis. Neio guardou uma pequena surpresa para Hermes.

— Hermes, pelo seu espírito de sobrevivência, coragem diante do perigo e determinação em salvar os filhotes, doravante voará na frente junto do grupo principal. Todos concordam?

— Sim, todos de acordo! Hermes agora, é o nosso cadete!

E assim foram todos festejar no pequeno paraíso das andorinhas azuis. Como? Comendo toneladas de insetos, é claro.

O fenômeno que perturbou Neio e seu bando estava ligado ao ciclo de mudanças físicas, na superfície da Terra e em sua posição no espaço. Particularmente, a verticalização do eixo do planeta. Além de outro fenômeno, a Transição Espiritual da Terra, que se dá em paralelo com as mudanças físicas.

                                             FIM

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