Por: Antonio Mata
O pensador
Sobre a mesa, na habitação pobre de palafita, duas palmas de bananas e dois pares de olhos das crianças da casa. O tio busca um pensamento jocoso antes de oferecer as frutas.
— Enche o bucho de banana, toma dois copos d’água. Aí quero ver quem vai querer almoçar.
Os meninos, um olha para o outro e abrem um sorriso. Com aqueles dentes bem branquinhos, de fazer inveja aos adultos. Logo entenderam.
Drones x OVNIS
Os últimos raios de sol se afastavam por de trás das matas. Junto ao pequeno amarradouro, algumas pessoas conversavam. Quando algo no céu chamou a atenção de algumas crianças.
— Tio vem ver, olha ali, olha ali.
— Ver o quê menino?
— Olha lá no céu! Ali também, e lá também. Tá tudo aceso tio! Tem luz vermelha, laranja e branca também.
O tio virou-se e ficou olhando para aquela coisa diferente, ali no céu, que já escurecia. Olhou, olhou, permanecendo em silêncio. Nisso foi chegando mais gente. Logo, todos olhavam para aquelas luzes coloridas.
As luzes, tão imóveis que mais pareciam fixadas a um poste. Logo perceberam que seriam pelo menos meia dúzia. A observar as luzes imóveis no céu, pelo menos duas dúzias.
— O que será tio?
— Não será luz de avião, hein? — Perguntava um.
— Aqui tem muita revoada. — Dizia outro.
— Tem um tal de drone agora. — Dizia mais um.
— E o tal do OVNI, será? — Arriscava mais outro.
— Vai deixar de besteira. Avião não fica parado e faz barulho. Revoada não acende luz. Drone nunca vi e OVNI, só de falar.
— O que será tio, tá longe, tá perto?
Depois de muito olhar e pensar, chegou a uma conclusão.
— Jair, traz a baladeira.
Batata frita
Na saída do supermercado, o menino e seu tio matuto experimentavam um pouco de batatas fritas. Daquelas de embalagem cilíndrica e um grande apelo comercial.
— Gostou tio, gostou dessa?
O tio falando de boca cheia e achando cheia de sal.
— Nunca vi.
— Nunca viu o quê, tio?
— Essa batata comprida, parecendo um pepino. Só conheço da outra.