Foto: Kanenori por Pixabay
Por: Antonio Mata
Poucas vezes lembramos da sutileza que é a presença da água em nossas vidas. Desde o ambiente aquoso e morno do ventre de nossas mães, até a pia batismal e a água benta do catolicismo, à água consagrada da igreja reformada, à água fluidificada dos espíritas, e de outras tantas linhas religiosas.
Há de não se esquecer o valor energético de um banho de cachoeira, de um banho de mar. Longe de acreditar que só se lava o corpo, é o corpo que interage com a água, e esta alcança a alma, limpando, fluidificando, energizando. É o reequilíbrio gratuito a disposição de pobres e ricos.
As fontes termais com suas águas repletas de minerais que aquecem, confortam e aliviam. Como menosprezar o banho de chuveiro? Hoje, o primeiro auxílio das populações urbanas, o primeiro frescor de quem sai, e o último de quem chega.
O frescor não é mera expressão material, não apenas se rouba calor da superfície da pele. O banho, muitas vezes rápido e maquinal, inserido na rotina da vida, não nos permite apreciar como algo tão simples pode contrapor uma condição de melhoria tão extensa, a ponto de se manifestar na alma, que também se refresca e precisa fazê-lo. Aliada ao sentimento amoroso e a oração, a água cura.
Já se foi o tempo em que se entendia que podia ser vista como oferta permanente. O novo século veio mostrar que se sabe muito pouco a respeito do seu significado como elemento vital, para o corpo e para o espírito. Água é energia oferecida pelo Altíssimo, capaz de limpar e energizar para além da visão. Talvez alguém ainda acuse os religiosos de serem ultrapassados, porém, com milênios de antecedência, foram os primeiros a lhe dar valor.
Agora que tanta coisa já aconteceu, que incontáveis alertas se mostraram inúteis. Onde incontáveis nascentes já se perderam mundo afora, mananciais foram utilizados à exaustão, a realidade de um planeta sedento é mais real do que jamais foi em qualquer tempo, antes do nosso. A crise hídrica, um dia localizada, problema desta ou daquela cidade, ou região, aos poucos se generaliza. Chegamos aonde não queríamos chegar.