Foto: Changqing Lu.
Por: Antonio Mata
A vida recomeçava na cidade naquela segunda-feira. As pessoas se apressavam, rumo a seus afazeres matinais. Muitos ainda tinham o hábito de criar pequenos pássaros em gaiolas dos mais diversos tipos, materiais, tamanhos e cores. Outros mais excêntricos as faziam com grandes dimensões; quando não, construíam enormes viveiros.
Entre os passarinhos retidos em gaiolas, um dos mais populares é o periquito-australiano. Suas penas coloridas seus cantos e guinchos; a gritaria festiva quando estão juntos; seu jeitão simpático e bonito conquistaram o carinho de muitos.
Tudo isso somado, aliado ao fato de se reproduzir bem, mesmo em cativeiro, transformaram a pequenina ave em uma campeã das gaiolas do mundo. O comércio das pequenas aves foi muito intenso.
Na natureza se organizam em grandes bandos, nos campos ou nas florestas; cobrindo os céus em grandes revoadas. Aprisionados, onde tiveram a oportunidade de fugir, ou foram soltos, prolíficos que são, rapidamente criaram grandes bandos de periquitos urbanos. Mais uma vez, com a sua algazarra característica, faziam sua revoada do final de tarde.
Entendamos que toda a vida na Terra está subordinada a um planejamento Divino, que oferece a cada ser o seu papel no grande cenário da vida terrestre. Há de se imaginar que tais cenários sejam mais complexos do que imaginamos. E efetivamente o são.
Se a limpeza pesada estava a cargo de aves de maior porte, como urubus e abutres, conduzidos por trabalhadores espirituais a serviço do Cristo que gentilmente oferece suas bençãos a todos indistintamente. Por outro lado, a limpeza mais fina, a retirada das formas pensamento das próprias moradias dos humanos, conforme o planejamento da espiritualidade superior, é executada por estas aves, em espírito. São processos de limpeza psíquica. Rejeitos de matéria pensante de baixa vibração, ou mais exatamente, lixo mental.
Estes pequenos e anônimos heróis das lutas da Terra, estão reclusos em suas gaiolas, fruto do desconhecimento dos homens. Fazem a limpeza interna; a assepsia dos ambientes domésticos. O objetivo é oferecer um ambiente mais sadio, que de outra forma tenderia à saturação com energias de baixo padrão vibratório, poluindo a moradia dos homens e prejudicando o desenvolvimento da experiência humana. Tais processos de limpeza podem ser feitos com as aves soltas, os homens é que insistem em prendê-las.
De forma que estes passarinhos contribuem para que os homens possam ter mais tempo para aprender e valorizar a vida em suas múltiplas dimensões. Estas medidas já previam com muita antecedência o advento das grandes cidades e as consequentes aglomerações humanas submetidas a toda sorte de pressões espirituais promovida por espíritos sombrios, que de outra forma se beneficiariam da confusão urbana, sacrificando por demais a existência terrena.
Assim, o animal de estimação; o pet querido dos dias de hoje, não o é por opção dos homens e muito menos um fenômeno aleatório da natureza. O pet foi concebido para ficar perto dos homens e auxiliá-lo na sua jornada; às vezes confusa; porém sempre necessária. São de fato verdadeiros presentes de Deus.
Enquanto o aprendizado humano avança, canários; melros; pintassilgos; para citar alguns; além de um exército de periquitos, de uma forma imperceptível, mas constante e eficiente, lutam pela manutenção de um mínimo equilíbrio psíquico nas cidades e nos lares do mundo, encharcados pelos pensamentos e sentimentos negativados de uma humanidade que pouco conhece a vida espiritual e suas interações.
As aves enxergam as formas pensamento tal e qual um alimento, como comida. Da mesma forma como, estando na matéria, os pássaros enxergam moscas e mosquitos como comida, ocorre algo parecido estando em espírito. Instintivamente se alimentam dessas manifestações mentais de baixa vibração.
Tanto quanto uma folha tenra, na matéria pode ser atacada por grupos de lagartas, e assim podendo destruir a lavoura; as aves reunidas em grandes grupos destroem extensas formas pensamento e seus aglomerados. Tudo é só comida.
Naquelas casas onde se criam galinhas, e os moradores da casa têm afinidade com os animais; elas se sentem à vontade para entrar e participar da limpeza interna também. Isto quando são galinhas de quintal. Quando são aves de granja, permanecem do lado de fora, onde prestam este serviço espiritual ambiental. Porém, não há o benefício da Lei de afinidade; como com as criações de quintal.
Os pássaros de gaiola, e o periquito é o mais procurado, tiveram no elemento da sua prisão, o instrumento que possibilitou a dispersão destes pequenos animais pelo mundo. A espiritualidade superior, consciente das fraquezas humanas, já sabia de antemão que os pequenos filhos da Criação seriam aprisionados, mas que também seriam dispersos.
Este último foi o aspecto que o homem, preocupado só em vender passarinhos, nem se deu conta. A dispersão foi necessária para que pudessem chegar ao maior número possível de povos, e em suas cidades.
O pequeno periquito produzindo muitos filhotes em cativeiro, completou o serviço. Não é à toa que se fizeram tão queridos, foram concebidos assim desde o começo. Fazem parte da primeira linha de defesa dos lares humanos.
Para efeito de comparação, daquilo que chamamos de lixo, uma vez submetido ao trabalho de seleção e catação nas diversas etapas do aproveitamento de resíduos, o montante original desse mesmo lixo pode ser reduzido a 5% desse total. Onde 95% do que foi produzido e transformado em lixo, tinha valor. Somente foi jogado fora por desperdício, desconhecimento ou desinteresse.
Assim se dá com os pensamentos humanos; a maior parte é transformada em lixo mental, por desperdício do ato de pensar, por falta de conhecimento espiritual que ampare este ato, e ainda por desinteresse em querer aprender e educar-se espiritualmente. O homem torna-se um gerador de lixo mental.
Os pássaros de maior porte e mais resilientes, que de alguma forma se adaptaram à vida urbana, como urubus, abutres e pombos; cuidam particularmente das ruas e dos lugares públicos. Pracinhas, parques infantis e locais frequentados por crianças recebem atenção especial.
Dentro das escolas e creches recebem o apoio dos passarinhos das cercanias. Não por causa dos pequeninos, mas por causa dos adultos que estão com elas, que circulam ou trabalham nestes locais. Estes sim são comumente necessitados de atenção. Aliás, como qualquer outro adulto da nossa bela e tão poluída Terra. As crianças, dada à sua simplicidade, ainda não foram transformadas em geradoras de lixo mental. Isto se dá na caminhada para a vida adulta.
Os ambientes surgidos das viciações do mundo, como casas de jogos; motéis; prostíbulos; bocas de fumo; covis de ladrões, mas também gabinetes de instituições públicas e privadas, e outros ambientes que já perderam sua razão evolutiva de ser, são todos lugares extremamente contaminados.
Tais ambientes somente se prestam para o exercício da corrupção, da sensualidade e da maldade. Estes todos recebem atenção específica de acordo com as determinações da espiritualidade Superior; em função do alto grau de contaminação. São covis de espíritos trevosos. Residências transformadas em covis são muito comuns e estão espalhadas por todo o mundo.
Deus não criou seus filhos para submetê-los a nenhum tipo de escravidão, seja física ou mental. E espera que possam atuar como cocriadores, um dia. Como a humanidade da Terra não possui bases ético morais de maior solidez, produz pensamentos em profusão, negativados.
Uma miríade de entendimentos desprovidos do viés espiritual, portanto, equivocados a respeito de sua existência; costumeiramente acusando o outro, sem prestar muita atenção em sua própria participação.
Dessa forma não é difícil estabelecer uma relação de causa e efeito entre a poluição física, que está no solo; no ar; nos rios; nos mares; oceanos e a proliferação e saturação de pensamentos de baixa vibração. A poluição ambiental física é fruto da poluição espiritual mental que envolve nosso mundo. Sendo assim, é fundamental deter, em nosso próprio interesse, a produção constante de lixo mental.