Por: Antonio Mata
Quietude de um dia comum, de situações comuns. O céu, emoldurado de andorinhas em formação. Realizavam sua migração anual, no vai e vem de suas vidas.
Distante dali alguém se disfarçou dos olhares intrusos. Até para quem estava perto. Camuflado, balançava ao sabor do vento. Um pedaço de graveto cumprindo seu bailado sincronizado.
Sacudindo de um lado para o outro despreocupadamente, era capaz de enganar até uma lagarta. Vez por outra, acontecia de lhe passarem por cima.
Ficava em silêncio com o desavisado passando por cima de suas costas, se fosse preciso. Já que preferia comer a folhagem. Mastigador de folhas, precisa certificar-se de que pode fazer isto sem nenhum risco.
“Essa lagarta tonta que me ajude a me esconder. Depois os pássaros a retiram daí e ninguém mais me encontra”. Satisfeito, gabava-se de si.
Imóvel, aguardava a ação do vento. Quando então passava a se balançar. Se o vento cessava, parava imediatamente. Pronto, era este todo o seu segredo. Silêncio, poucos movimentos e sincronia. Só em um golpe de vista para se achar um bicho-pau.
Ou alguém disposto a ser um observador.
O vento soprou, o bicho balançou. O vento cessou, até que o bicho-pau cochilou e continuou balançando. Foi a conta de ser visto balançando sem mais nem por quê.
— Eu sabia, eu sabia. Estava só esperando que cometesse um erro, um errinho só. A certeza, a confirmação crocante! — O pardal estava esfuziante.
A campana paciente e à meia distância. Fora das vistas do bicho-pau, fora o suficiente para captar seu único erro. Agora não tinha mais jeito. Apetitoso e crocante, estava no bico de um pardal mais esperto do que ele.
Bom, a natureza tem dessas coisas.
Para caçar, também é preciso se expor. Recebeu uma pancada nas costas, tudo rápido como um raio. Ninguém viu nada. Só se sabe que o pardal se precipitou ao chão, para logo ser recolhido pelas garras de um falcão.
O bicho-pau, já liberto, agarrou-se a um galho e ficou ali, sem se mexer. Quando o falcão se afastou, retornou a sua posição habitual esperando o vento soprar.
Já havia se ajeitado quando alguma coisa lhe puxou pelas costas. Só que não parecia ser uma lagarta. Puxou com muita força, arrancando o bicho do galho.
Ainda voando, uma andorinha com muita habilidade, foi quebrando o apetitoso e crocante bicho-pau em pedacinhos menores. Aos poucos engoliu tudo e depois foi embora.
Na evolução dos mundos no universo Divino, há um momento em que a grade energética de um planeta, em face de sua própria evolução, passa a ser capaz de oferecer a energia sob a forma de alimento, a todos os seres que nele habitam.
Quando isso acontece, não existe mais a necessidade de se consumir a proteína de outros animais. É neste momento que, todo o reino animal, assim como os seres humanos, adota a alimentação totalmente vegetal.
Chega ao fim o ciclo das caçadas entre os diversos animais. Mas, também, a necessidade de se manter os grandes rebanhos para o abate. Assim são as coisas naturais.