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terra de espíritos

histórias, crônicas e contos

Formas e cores da simpatia

Por: Antonio Mata 

Como se houvesse um lugar certo. Por alguma razão muito própria escolheu assim e gosta de se acomodar, sempre no mesmo lugar. Talvez por encontrar ali, algo de que goste muito.
 
O colorido azul, cinza e branco, o trinado sempre curto, rápido e alto. Costumam vir em casal. Sempre no mesmo lugar da varanda. Se ajeitam ali, enquanto visualizam tudo. Como quem procura novidades. Algo que lhes atraiam ou sintam necessidade.
 
Fáceis de se reconhecer pela cor e pelo chilreado estridente. Parece que só sabem conversar em voz alta, mas de forma inconfundível dos demais visitantes da varanda.
 
Admiráveis pela movimentação, são elétricos, sempre procurando alguma coisa para fazer. Foram eles que encrencaram com a corda que prendia a rede. Enquanto não arrancaram um bocado de fios, não sossegaram.
 
Podem ser grãozinhos, uns poucos, sobre o piso. Insetos que circulam pela cobertura da varanda ou até mesmo voando por ali. Também gostam de catar quaisquer pedacinhos de linha que acham pelo chão. Certamente por acharem mais fácil.
 
Japiins estão entre os mais ariscos, não permitindo apreciar seu preto e amarelo intenso mais de perto. Ficam meio de longe e raramente pousam no parapeito da varanda. O ponto mais comum, o preferido, é o telhado do vizinho. 
 
Não parecem ligar muito para as telhas quentes de fibrocimento. Como gostam de imitar o canto de outras aves, talvez inadvertidamente, enganem os próprios moradores do bairro.
 
Pardais são algo mais próximo, sempre procurando algo para comer. Ainda que discretos em sua penugem castanha, participam do cenário de sons e cores que gostam de oferecer. Junto aos demais, ajudam a dar sumiço nos mosquitos.
 
Já o barulho e revoadas da manhã, mas também à tarde, são motivadas pelas curicas. Sempre conversando e voando juntas, esbanjam simpatia por onde passam, sempre em número. Não são adeptos da solidão. 
 
Por outro lado, não têm se aproximado como antes. No máximo, ficam esperando do alto do telhado, se esticando para ver o que se passa logo abaixo. Talvez por conta dos gatos que costumam vagar por cima dos muros.
 
Beija-flores, o que têm de pequenos têm de belos. Este sim, um visitante raro e inesperado. Amigo dos jardins, dos vasos de plantas e dos canteiros. As pessoas largam o que estão fazendo para vê-los em seu voo estático.
 
Estas avezinhas não perturbam com sua coleção de sons. Muito pelo contrário. Enriquecem o nascer do sol e enfeitam o amanhecer com suas cores. Não bastasse isso, ainda descobriram que prestam serviços ecológicos.
 
Detentores de grande beleza e energia, seria difícil conceber um dia bonito sem suas ilustres presenças. Que Deus os abençoe e lhes ofereça sempre os céus.

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