Por: Antonio Mata
Solitário circulava pela rua, cedo e ainda sem movimento, meio que ao léu. Manhã que ainda fazia força para aquecer os 12 graus na madrugada de frente fria.
Não parecia procurar algo em particular ou que desejasse ir a algum lugar, apenas vagava. Coisa comum para quem vive na rua. Em dado momento deteve o passo. Defrontou-se com algo que prendeu sua atenção.
Juntou o rastafári com as mãos e prendeu com um elástico. Dirigiu-se até o outro lado da rua, cruzando pequena praça. Na extremidade, um banco servia de leito a um idoso, ali encolhido.
Viu o cobertor roto parcialmente caído no chão. Abaixou-se, recolheu a peça e tornou a cobrir o homem. O velho tomou um susto ao acordar de repente. Recebeu algumas palavras amigas, só para tranquilizá-lo.
O ancião compreendeu logo. Agradeceu ao seu benfeitor e ele partiu, se afastando do local. Com a mesma facilidade em que surgiu naquela rua, sumiu dali. Deixou marcado pelo caminho a solidariedade dos pequenos gestos.